Livro já falava sobre escolas e violências
‘Escolas, violências e educação física’ é um livro que compila visões sobre a escola, o papel e a importância da educação, em especial à disciplina de educação física, que pode ser um instrumento de auxílio contra a violência ocorrida dentro do ambiente escolar.
A obra, organizada pelos professores Mauricio Murad, Roberto Ferreira dos Santos e Carlos Alberto Figueiredo da Silva, é uma iniciativa que pode auxiliar a entender o processo de realidades plurais e diversificadas, ao trabalhar conceitos como valores da cidadania, redefinir o sentido de escola, de modo a entender e enfrentar “um dos mais graves problemas do Brasil na atualidade, inclusive no interior das escolas: a violência.”
O livro, com dez artigos escritos ao todo por um grupo de vinte e cinco autores, perpassa pela conceituação de violência, compila pesquisas em escolas e indica algumas soluções de combate às diversas práticas de violências, sejam elas físicas, de gênero ou psicológicas, cujas principais vítimas são jovens e crianças em processo de formação.
A união da comunidade escolar é o desejo de todos, mas sabemos que a violência está também dentro dos muros da escola. O que se vê desde 2017, quando escrevi parte do livro organizado pelo mestre em sociologia do esporte , Maurício Murad, é um esforço do Estado para criar uma cultura de paz.
E agora? As escolas do Brasil estão em alerta para a cultura de paz nas escolas desde 2017, quando se implementaram campanhas com este cerne.
Programas como o “Escola Aberta” buscava , já em 2017, a repensar a instituição escolar como um espaço alternativo para o desenvolvimento de atividades de formação, cultura, esporte e lazer para os alunos da educação básica das escolas públicas e suas comunidades nos finais de semana. A intenção era estreitar as relações entre escola e comunidade, contribuindo assim para a consolidação de uma cultura de paz (MEC, sem data) .
“Aqui é um lugar de paz” foi outro projeto que conheci de perto. Envolvia todas as unidades escolares do Estado. Na opinião da professora da educação básica, Luciana Rodrigues Martins, que trabalha na comunidade do Vidigal pela manhã e à tarde na Gávea com alunos da comunidade da Rocinha - e com quem fiz parte da minha formação de professora e pude observar, em poucas tardes em sala de aula e durante uma aula passeio na praia, que os alunos dela convivem em paz. Alunos bem trabalhados sob o ideal de paz reconhecem a importância do respeito mútuo e das responsabilidades de seus atos – “a paz não pode ser desvinculada nunca do âmbito escolar. Por esse motivo deve ser trabalhando cotidianamente” - me disse a professora Luciana em 2017.
Há seis anos, as instituições de ensino já vinham trabalhando de forma preventiva contra a violência no espaço escolar. Para a professora Luciana, já era previsível o momento crítico que estamos vivendo, agora em 2023:
Estamos perdendo para violência. É trágico convivermos com a possibilidade de perdemos nossas crianças nos pátios das escolas. Já acrescentei em minhas orações que Deus não me permita vivenciar esse dia – completa a professora Luciana.
Todas unidades do município receberam, à época, um comunicado do secretário de educação para desenvolvimento de atividades relacionadas ao termo PAZ. Pediram registros dessas atividades e selecionaram um dia no qual todas as unidades apresentariam suas produções. “Acredito ser válida a iniciativa, mas como educadora carrego essa temática na minha prática pedagógica. A paz começa dentro de cada um de nós”- defende Luciana.
Para ela é difícil estar em uma sala de aula abordando o tema paz, quando se vê nos olhos das crianças o medo de voltar para casa, porque está tendo operação no morro. “É difícil perceber a ausência de alguns porque foram impedidos de chegarem à escola devido a tiroteio. É difícil vê-los chorando pensando num familiar que está no meio do tiro cruzado”.
Otimista, a professora passa uma mensagem: “ mesmo diante todas dificuldades precisamos continuar semeando a paz nos corações dos cidadãos, que através de nossos exemplos e atitudes transformarão esse modelo cruel de sociedade”.
REFERÊNCIAS:
MURAD. Escolas, violências e Educação Física - 2018Edição: 1 | Ano: 2018 | ISBN: 9788556621887
MCLUHAN, M. A galáxia de Gutenberg: a formação do homem tipográfico. São Paulo: Edusp, 1972.
MATTELART. A. História das teorias da comunicação. São Paulo: Loyola, 1995.
SEN, A. Development as Capability Expansion. In: Fukuda-Parr S, et al Readings in Human Development. New Delhi and New York: Oxford University Press, 2003.*FREIRE, Paulo. Pensamentos. Disponível em: < https://www.pensador.com/pensamentos_paulo_freire/ >. Acesso em: 17 ago. 2017.
AZEVEDO, Reinaldo. O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/o-que-me-preocupa-nao-e-o-grito-dos-maus-mas-o-silencio-dos-bons/ >. Acesso em: 17 ago. 2017.
FERREIRA, Paula. Escolas buscam formas de educar em meio a cotidiano de violência. O Globo. jul, 2016. Disponível em: < https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/escolas-buscam-formas-de-educar-em-meio-cotidiano-de-violencia-16579542#ixzz4q2IqNAXN >. Acesso em: 17 ago. 2017.
Programa Escola Aberta. Ministério da Educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal?id=16738>. Acesso em: 17 ago. 2017.Autor desconhecido. Ocupa Amaro. Facebook. Disponível em: < https://pt-br.facebook.com/ocupaamaro/ >. Acesso em: 17 ago. 2017.
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