A questão do Lixo
A QUESTÃO DO LIXO
Um dos desafios maiores do mundo é produção de energia limpa, outro é como remanejar o lixo em crescimento constante no mundo, uma boa ideia é associar as duas coisas, o Brasil já autorizou legalmente a incineração do lixo para produção de energia.
A Dinamarca, como a maioria dos países europeus nessa época do ano, precisa de gás para calefação e lá o combustível chega via gasoduto da Rússia, num processo muito caro, por isso os dinamarqueses estudam o mais rapidamente possível encontrar alternativas à substituição do gás russo. Hoje, 76% dos resíduos sólidos dinamarqueses são incinerados em modernas plantas energéticas que convertem este resíduo em biogás. A parte dos resíduos recicláveis retorna ao processo produtivo, consolidando as rotas de reciclagem. A parte orgânica do lixo tem duas rotas: são transformados em adubo de excelente qualidade ou em biogás. Com a maior produção interna a demanda por essa energia cresce. Aliado à maior oferta de energia mais limpa e barata existe uma meta neste país de reduzir a zero a utilização de combustíveis fósseis em menos de 40 anos. Futuramente a Dinamarca importará lixo dos países circunvizinhos. Onde o lixo é problema para a Dinamarca será solução.
O lixo planetário terá no futuro outra destinação que não o aterro, a experiência da Dinamarca pode favorecer. O desafio do Brasil está em ter essas iniciativas de incremento, ir além dos aterros e agregar valor aos cerca de 8 milhões de reais que são jogados no lixo por ano por não se reciclar, segundo o IPEA.
A recém aprovada e sancionada Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas ainda em fase de regulamentação neste momento, define em câmeras setoriais como cada setor produtivo se organizará com relação ao próprio lixo produzido, como: pneu, bateria, pilha, geladeira, medicamentos fora do prazo de validade, ou seja, cada gênero de resíduo demanda uma destinação adequada.
No Brasil, até 2014 já não poderá mais haver "lixão". A Política Nacional de resíduos sólidos prevê ainda que só poderá ser incinerado aquilo que for rejeito, ou seja, o lixo, aquilo que de fato não tem mais utilização na cadeia produtiva.
Vale observar que as tecnologias usadas na Dinamarca não contaminam a bacia atmosférica, lá não há emissão de partículas, prova disso é que a incineração é feita próxima ao palácio real. O grande benefício da incineração é este: poder ser feita em espaços densamente ocupados, desde que se cumpra a lei e os parâmetros de emissão de contaminantes sejam controlados com tecnologia de ponta em permanente vigília e melhoria continuada.
O lixo ocupando espaços será transformado em cinzas gerando energia para abastecer casas, carros, indústria, etc.
No Rio de Janeiro, a maioria dos resíduos sólidos urbanos atravessa a Via Dutra e sobe em caminhões até ser despejado em Seropédica, em um local que terá de ser encerrado em 30 anos. A ideia desde os primórdios é colocar o lixo para longe, o transporte polui, suja a cidade com caminhões transbordantes e sabe-se que nem 1% do material recolhido em São Pulao e no Rio de Janeiro é reciclado.
No século XXI o lixo não pode mais dar só despesa, com o adensamento populacional as áreas disponível para deposição do lixo diminuiu e a população exige do governo, da iniciativa privada e da academia soluções que transformem a despesa em receita, geração de emprego e renda, atendendo às três dimensões da sustentabilidade. A Política de Resíduos Sólidos abre essa janela de oportunidade, mas para isso a lei terá que ser cumprida.
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